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terça-feira, 28 de junho de 2011

Se eu morresse amanhã

Minha convidada é NEICLA BERNARDES, professora e poeta cachoeirense ( do Livro Poetas do Vale VII), um primor os seus versos..., parabéns amiga!


Se eu morresse amanhã
não queria que viessem
remexer meus papéis
revirar minhas lembranças
doces e fiéis.
Nem encontrassem
no íntimo da alma
as infinitas esperanças
que habitam meu coração.
Não queria
que meu grito de amor
rasgasse essa folha
e voando a céu aberto
fosse ao encontro da solidão.
Queria as palavras
apagadas pelo tempo
para não serem maltratadas
por quem nunca soube ouvir
e agora nada poderia entender.

domingo, 26 de junho de 2011

Coxa, sobre-coxa ou peito

Essa crônica adorável, gostosa de ler e de leitura fácil é de um poeta carioca, muito interessante e muito inteligente. Parabéns, Nilton, tu mereces!
 
 
 
COXA, SOBRE-COXA OU PEITO?(crônica descritiva)Francisco beirava os quarenta e cinco anos e mal sabia ler. Fazia curso supletivo à noite.
Cabra macho, homem de fibra, veio da Paraíba tentar a sorte nestas plagas do Rio, terra boa de se ganhar dinheiro. É o que lhe diziam.
Cuidava de sítio, e muito bem, restando-lhe a parte da noite para pavimentar o caminho do seu grande sonho. Fala mansa, sempre muito respeitoso, humilde mesmo, mas tinha seus momentos de pitacos de humor; muito engraçados, por sinal. E eu adoro humor...
Na escola, destacava-se, não pela idade maior do que a média da turma, mas pela educação, bondade, sempre pronto a ajudar. Sabia dar jeito em tudo. Forro da sala vazando? Chama o Francisco... Torneira pingando? Chama o Francisco... O que a garotada danificava durante o dia, Francisco consertava à noite.
Faltava-lhe o dedo anular em uma das mãos. Nunca perguntei como o perdera. Talvez em algum engenho de roça na Paraíba. Para mim, entrave definitivo para a realização do seu sonho.
Ah, o sonho? Ser motorista de ônibus. Falava com tanto brilho nos olhos, que, caso conseguisse, não seria motorista, seria piloto!
Vestia-se como estes profissionais. Calça azul-marinho e camisa azul clara. Sapatos e meias pretos. Era comum viajar gratuitamente em alguns coletivos uma vez que o identificavam, pelo uniforme, como sendo “colega de volante”.
Enfim, estava preparado para assumir a profissão, quando e se o Universo resolvesse lhe conceder esta oportunidade.
A parte que lhe cabia estava pronta: vivia profundamente o sonho, via-se dirigindo um coletivo. Viajava ali no degrau perto do motorista, observando as manobras e trocando algumas palavras com o “colega”. Sobre a profissão, claro!
Penso que se imaginava voltando para casa após seu turno, conduzindo um ônibus.
Pobre Francisco, com a falta daquele dedo; CNH, categoria profissional e de coletivo! ... Sonho mesmo...
Também não tocava nesse assunto, mas sofria por vê-lo viver sonho utópico.
À noite, estacionava o carro em frente à escola, aguardando minha esposa após mais um dia de trabalho. Às vezes dava carona para Francisco até o ponto de ônibus próximo.
— Dona Hilda, vocês gostariam de passar um domingo no sítio, tomando banho de piscina? Sou bom em churrasco de carne-de-sol!
— Não, Francisco, obrigada, ali é o seu emprego.
— Não tem problema, Dona Hilda, pedi autorização ao patrão. Tem toda confiança em mim...
— Bem... aí, é diferente...
Dia maravilhoso! As crianças jamais o esqueceram. Nós também não. E aprendi que grama inglesa é a melhor para área de lazer. Bem tratada, forma uma espécie de colchão, próprio para a criançada brincar sem o risco de ferimentos graves.
Em retribuição, convidamos Francisco, a mulher e filha para almoçarem em nossa casa, no outro domingo. Com a dica da mulher dele, preparamos um baita almoço: galinha caipira assada, caprichada ao molho, farofa de ovo e batatas coradas. Arroz branco, soltinho. Salsa picada espalhada por sobre a galinha, depois de assada. Sobremesa? A que mais ele gostava: pavê, de biscoito champanhe.
Estava pronto o banquete!
Todos à mesa, Francisco meio sem jeito, parecia estar muito feliz. Nós estávamos. Gostávamos muito do Francisco.
— E aí, Francisco, gostou da surpresa? Galinha caipira assada e pavê, de biscoito champanhe!
—Gostei muito, Dona Hilda! É o melhor prato pra mim e a sobremesa, hummm... Mas não precisava esse trabalho todo...
—Que nada, Francisco, estamos muito contentes de você estar aqui conosco!
—Então?... Vamos atacar?...(tentando descontrair o ambiente).
Francisco na dele, com as mãos juntas entre os joelhos, sem “coragem”, talvez.
— Qual pedaço gosta mais, Francisco? Coxa, sobre coxa, peito...
Meio sem jeito, disse que o que ela escolhesse estaria bom.
— Não senhor! O almoço é seu! Escolha o que mais gosta!
Com a educação que lhe era peculiar, ainda mais almoçando na casa da professora, soltou, com voz impostada:
—Olha Dona Hilda, eu gosto mesmo é de SOBRE-CU...
Hilda, que ria de tudo, passou-me a tesoura de destrinchar, pediu licença para ir à cozinha buscar mais um copo, e afastou-se rápido.
Eu, com a tesoura na mão sem saber o que fazer, olhava fixo no, agora, sobre-cu da galinha jaz assada.
Os dois filhos mais novos também pediram licença e saíram. O de nove anos, já tinha apreendido algumas boas maneiras, e permanecia à mesa. De cabeça baixa, emitindo sons inaudíveis, como tosse.
Grande companheiro!
A única coisa que me ocorreu, foi perguntar ao Francisco como estava o Mengão, mas sem olhar para ele. Se olhasse, seria mais um a pegar copo na cozinha...
Entretido em separar a parte preferida do Francisco, deu para segurar numa boa...
Ele, observando a forma desajeitada como eu manuseava a tesoura, deitou a falar sobre o Mengão...
Mesmo sendo fluminense, não tive nenhum escrúpulo em balançar a cabeça em sinal de aprovação para tudo que o Francisco falava, seja lá o que tenha dito...
A situação exigia aquele sacrifício!
Primeiro monólogo sobre futebol!
Deu certo! Cinco minutos falando sobre o Mengão, nem percebeu que a mesa estava recomposta, com todos socialmente “sorridentes”, felizes com a presença dos convidados.
O almoço foi o maior sucesso!
Durante um bom tempo Francisco lembrava o encontro e dizia que eu era flamenguista disfarçado de fluminense e ria...
Eu também ria, mas lembrando do pedaço da galinha que ele mais gosta...
Como sói acontecer, cada um vai construindo seu caminho, buscando seus sonhos, deixando para trás derrotas, vitórias e grandes amizades...Todas importantes nesse caminhar.
Entre estupefato e feliz, a última vez que encontrei Francisco, “pilotava” um ônibus do bairro onde vivêramos. E foi ele que me chamou a atenção com a buzina.
O sorriso, nem precisa falar...
Quem sabe, hoje, está “pilotando” um ônibus interestadual?
Sim, porque para quem sonha não existem limites...
Que o diga Francisco...
Nilton Deodoro
Publicado no Recanto das Letras em 16/09/2010
Código do texto: T2502418

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Como dois e dois são quatro.

Nesta noite que ainda venta, é fria e nos propicia a adentrar na magia das emoções, a compilar poetas, a navegar em desejos, solfejar rimas e soltar a imaginação..., eu os convido a ler essa poesia primorosa de o poeta SAM MORENO

" Você pode até bailar com outro homem,
a harmonia não terá plural, nem sinônimo.
Você pode dissimular que me esqueceu,
tenho ciência que teu pensar não é ateu.
Você pode até improvisar outro ninho,
não terá o mesmo alpiste no teu biquinho.
Você pode beijar o teu outro namorar,
só sentirá repulsa no áspero de outra língua.
Você não terá o afetuoso de minha saliva.
Você pode entregar teu corpo para outro,
mas vomitará arrependida na repugnância,
buscará no meu cheiro, no antídoto para a tua víscera.
Em tua volúpia eu sempre fui libertino, um gentleman
Você pode buscar outras fantasias, não serão iguais as nossas.
Na alcova você foi loba, você foi rainha, além disso, foi fêmea.
Só eu entendo os teus uivos em meio o agatanhar de tuas unhas
O teu coração jamais te dará o indulto de se deleitar com outro,
meu intenso escarnecer contigo jamais foi veneno de uma serpente,
desvirtuando o teu pronunciado orgasmo para a morte súbita.
Você pode até ter um diferente copo de água antes do sono
não terá o mesmo magnetismo que te abonou suntuosos sonhos.

Tempo

Vai o tempo arrastando as horas.
Ora contra, ora a favor do vento.
Brinca com o relógio, com o dia.
Zomba da noite, atropela o sono.
Dança com as nuvens,d escobre o sol.
O tempo não tem pressa, nós é que nos apressamos.
Será por medo do futuro ou por saudade do passado?
Luís Antonio Silva Dias , cachoeirense, gaúcho/Livro Poetas do Vale VII)

Como te encontrar

Hoje a linda Recife se faz presente; Recife dos meus amores, lá onde morei tantos anos e fui tão feliz.., a poeta NORMA MOURA nos traz sua poesia ...

"Como te encontrar
 Se nos caminhos não encontro tuas pegadas..
Não escuto mais o cantar das passaradas..
E, onde o sol se põe, é inverno
A solidão é um tédio vazio, no frio da noite...
O vento é um açoite de lamentos que me faz chorar!
Onde eu te encontro, onde posso te encontrar? "
Norma Moura.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Te amando na cama

Meu convidado de hoje é Grimoaldo José Costa Lins, alagoano de Maceió/advogado e poeta. Essa poesia de " Momolins" é muito bela, tem suavidade e efeito de ternura , me tocou pela suavidade e zelo, delicadeza e amor:
Te amando na cama

"Quando te amo na cama / te amo em segredo,
também sei que tu me amas/ sem receio, sem medo.
Por que o segredo de quem ama/ é conhecer a sua amada.
Gozo que seja profundo/brotando das entranhas
É tão fora deste mundo/ que mesmo as mulheres estranhas
quando se encontram gozando/atingem orgasmo profundo
da profundeza de um poço/gritarias malucas, mordidas no pescoço
Ai, grita então estremecendo/dorme depois compreendendo
que do gozo, o grande final,
é mesmo momento especial" - Momolins.

domingo, 19 de junho de 2011

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor, serei atento
    Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
 que mesmo em face do maior encanto
 dele se encante mais meu pensamento.
        Quero vivê-lo em cada vão momento
                  e em seu louvor hei de espalhar meu pranto
      ao seu pesar ou seu contentamento.
    E assim, quando mais tarde me procure
         quem sabe a morte, a angústia de quem vive
 quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa(me) dizer do amor(que tive):
que não seja imortal posto que é chama
                            mas que seja infinito enquanto dure. ( Vinicíus de Moraes)

Bem-vindo!

Acho que a palavra que melhor me define, é amor!
Estou sempre motivada e apaixonada por viver.
Das experiências vividas, dos pedaços que carrego, das águas que fluem mansamente, unindo destinos, destinos de rios que um dia, vão encontrar o mar.
Crio asas, invento possibilidades, resolvo o mundo, sou sonho puro, posso tudo!
Meu nome é Rejane Savegnago e aqui vou escrever sobre mim e o tempo, aqui vou receber os amigos e convidados, aqui  vamos rir, poetar e sonhar!